Segundo mostrado no livro "Morte e Vida de Grandes Cidades", as metrópoles americanas começaram a enfrentar problemas diferentes dos previamente existentes quando os planejamentos urbanos começaram a ser executados. A autora, Jane Jacobs, jornalista e esposa de arquiteto,desenvolve seu raciocínio mostrando a importância das calçadas em áreas urbanas. Em suma, a presença de pessoas nos passeios gera maior segurança para determinada região, já que elas geram uma vigilância constante. Nesse contexto, um fator importante para se obter tal situação é a presença do comercio, o qual tem se distanciado cada vez mais devido ao crescimento das redes de shopping centers. Sem atrativo, a rua fica mais vazia e, logo, perigosa. No caso de bairros com alta densidade populacional, isso diminui o contato entre os vizinhos, logo eles passam a ser estranhos entre si, o que enfraquece a segurança. Afinal, se os moradores não se conhecem, não reconhecem forasteiros, dos quais alguns podem representar ameaça.
Considerando a importância da interação entre vizinhos, há recursos arquitetônicos os quais podem ajudar as calçadas a ficarem mais visíveis e seguras para os residentes. No livro "Lições de Arquitetura", Herman Hertzberger propõe alguns métodos possíveis.
Por exemplo, no caso da divisa da sacada de dois apartamentos em um mesmo prédio. Uma boa parte da divisa é feita com uma parede envidraçada. Um trecho próximo ao parepeito mantém o nível do mesmo, de moda a possibilitar contato sem obrigá-lo a acontecer. Outro aspecto que pode contribuir é a integração entre exterior e interior. Pois, se as pessoas se sentirem responsáveis também pela rua onde moram, haverá cuidado com ela e o ambiente torna-se mais agradável e seguro por consequência.
Assim, ao contrário do que habita o imaginário da população tanto nas cidades americanas quanto nas brasileiras, parques públicos podem não ser as soluções mais óbvias e eficazes para gerar qualidade de vida em áreas Urbanas. Como percebido na execução do trabalho de intervenção nas vagas de carro, os moradores não possuem relação intima com a rua na qual moram. Em todas, talvez a maioria, das regiões densamente habitadas de Belo Horizonte a situação seria a mesma. Os único incomodados seriam os motoristas, pois eles enxergam a rua de maneira possessiva.
A proposta de dar uma cara diferente às vias públicas é válida, mas o objetivo principal, no contexto atual, é praticamente inatingível. Enquanto a indústria automotiva tiver a força que tem, a rua continuará pertencendo a motos e carros, já que os verdadeiros "donos" da rua a cedem gentilmente a veículos. Esses, por outro lado, as jogam para os shoppings e parques públicos
quinta-feira, 1 de julho de 2010
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